segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Governo anuncia hoje regras para exploração do pré-sal; para Lula, será um 'novo Dia da Independência para o Brasil'

Da Agência Brasil
Em Brasília

Depois de dois anos da descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje (31) o marco regulatório para a exploração do petróleo na área, ou seja, quais serão as regras. Lula afirmou nesta manhã que o anúncio do marco regulatório do petróleo extraído da camada pré-sal representa "um novo Dia da Independência para o Brasil". Em seu programa semanal Café com o Presidente, ele destacou que a descoberta põe o país entre os maiores produtores de petróleo do mundo. "E petróleo de boa qualidade", disse.

Depois de dois anos da descoberta das reservas, Lula anuncia hoje quais serão as regras para a exploração do petróleo na área. Há mais de um ano, o governo discute um novo marco regulatório.

Para o presidente, é preciso "aproveitar" o momento para que a Petrobras se torne "ainda mais forte" e para que o Estado brasileiro possa ser "dono" do petróleo. Ele voltou a comentar a criação de um fundo social constituído de recursos obtidos com a exploração do petróleo na camada pré-sal.

"Um fundo que tem três vertentes básicas: cuidar da educação, da ciência e da tecnologia e da pobreza neste país. Não temos o direito de pegar o dinheiro que vamos ganhar com esse petróleo e torrar no Orçamento da União". Para Lula, é preciso "classificar prioridades" para que o país se torne mais rico e mais desenvolvido.

O pré-sal é uma área de cerca de 800 quilômetros de extensão, que vai do litoral do Espírito Santo até Santa Catarina. O petróleo está localizado abaixo da camada de sal, a mais de 7 mil metros de profundidade.

Reunião com governadores
Após mais de cinco horas de reunião com os governadores do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo, Estados que concentram as maiores reservas de petróleo do pré-sal, Lula alterou o marco, acatando reinvidicações dos três governadores, que já haviam demonstrado resistência ao modelo proposto pelo governo federal.

Foi mantido o sistema de participação especial aos Estados produtores, o que garantirá uma parcela maior dos lucros a eles. Sobre os royalties, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que serão feitas "ligeiras" alterações no regime atual, sem detalhá-las.

"Introduziremos um dispositivo na lei dizendo que, até que o governo federal envie uma nova mensagem, ficará em vigor a lei atual", explicou Lobão.

Pela Constituição, Estados e municípios próximos aos campos são beneficiados por serem afetados pela exploração do petróleo, que demanda mais investimentos em infraestrutura e traz danos ambientais. O Rio de Janeiro, o Espírito Santo e São Paulo concentram as maiores reservas de petróleo da camada pré-sal e os governadores têm criticado a proposta do governo de partilha dos royalties.

Atualmente, 50% dos royalties e participações especiais vão para a União. Os Wstados produtores ficam com 40% e os municípios, com 10%.

Perguntado se a decisão de manter o sistema atual não contraria a proposta do governo de partilhar os royalties entre a União, Estados e municípios, inclusive os não produtores de petróleo, Lobão negou e disse que há mecanismos legais para o governo ter tomado essa atitude. O ministro afirmou que os governadores estarão no lançamento oficial do marco regulatório hoje (31).

Recuo
O governo decidiu retirar o pedido de urgência do projeto de lei com as novas regras, que será enviado ao Legislativo.

Com a urgência, os parlamentares teriam 90 dias para votar a proposta antes do trancamento da pauta de votações. Apesar da retirada do pedido, o ministro Lobão considera que o Congresso Nacional tem condições de votar o projeto em curto período de tempo.

Ficou definido que o marco será reunido em um único projeto, que prevê a criação de um fundo social com os recursos da exploração e a criação de uma estatal para administrar o pré-sal, chamada Petrosal, conforme informou Lobão na madrugada de hoje (31), após participar de jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores peemedebistas Sérgio Cabral (Rio) e Paulo Hartung (Espírito Santo), além do tucano José Serra (São Paulo).

O lançamento do marco regulatório ocorrerá às 15h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com a presença do presidente e dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Minas e Energia, Edison Lobão, principais responsáveis pela elaboração do modelo. Foram convidados para a solenidade governadores, prefeitos, parlamentares e representantes de movimentos sociais.

Antes do anúncio oficial, Lula apresentará as regras para ministros e o Conselho Político, formado por líderes da base governista no Congresso Nacional. Será no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)l, sede provisória da Presidência da República.

O novo marco regulatório valerá para os 75% da camada pré-sal ainda não licitados.

UOL Celular


quarta-feira, 20 de maio de 2009

Governo dos EUA planeja criar agência reguladora para produtos financeiros

da Associated Press, em Washington
da Folha Online

O governo dos Estados Unidos está analisando a possibilidade de criar uma comissão regulatória para proteger consumidores de produtos financeiros como cartões de crédito e hipotecas, segundo fontes da administração federal e funcionários de empresas do setor.

Com isso, espera-se que o governo consiga ter maior controle sobre os abusos no setor, que foi o epicentro da crise que o país atravessa. Em reuniões com executivos de instituições financeiras, o governo já vem discutindo o tema.

Leia a cobertura completa da crise nos EUA
Entenda a evolução da crise que atinge a economia dos EUA
Entenda como a crise financeira global afeta o Brasil

O principal problema da proposta seria o "esvaziamento" de outros órgãos reguladores federais que de uma forma ou outra já possuem essa atuação, caso do SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana) e das diversas reguladoras do setor bancário.

Um dos principais articuladores dessa nova agência é o secretário do Tesouro, Timothy Geithner. Em diversas oportunidades, ele disse ser necessário ter certeza que a atual crise financeira nunca mais se repetirá.

A agência pode ter sido o principal motivo de um jantar ontem entre Geithner e o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Lawrence Summers. Ao final do dia, o Tesouro liberou um comunicado informando que o jantar foi "uma de várias reuniões com um grupo de relevantes de políticos e técnicos" com vistas para uma reforma regulatória.

"A reunião de ontem teve grande audiência de acadêmicos e ex-funcionários do governo. Outras reuniões foram organizadas com grupos de consumidores e investidores e uma ampla gama de participantes dos mercados financeiros", disse o comunicado. "Nenhuma decisão foi tomada, mas a administração está procurando ativamente diferentes pontos de vista."

A proposta inicial do governo é ter uma agência que centralize a execução de leis que protejam consumidores dos produtos financeiros --de cartões de crédito e hipotecas a fundos mútuos. Esse trabalho, atualmente, é dividido entre muitas agências federais e estaduais, incluindo o Fed (Federal Reserve, o BC americano), a SEC e a Federal Trade Commission.

O plano tem ainda a relutância de alguns parlamentares e de instituições que representam as grandes instituições financeiras, como a Financial Services Roundtable. O argumento usado é que poderia ser um erro separar a regulação dos produtos financeiros da regulação das instituições que as gerem.